Sobre nós
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Fundado na cidade de Santos em 06/06/2007, o Grupo Sem Pantim de Música Folclórica Nordestina e Afro-Brasileira, premiado no Edital de Culturas Populares - Edição Leandro Gomes de Barros 2017 (SECRETARIA DA CIDADANIA E DA DIVERSIDADE CULTURAL), e certificado como Ponto de Cultura pelo MinC em 2018 (http://culturaviva.gov.br/agente/34643), atua desde 13/09/2008, no bairro da Vila Ema na cidade de São Vicente/SP. O grupo divulga em toda região da Baixada Santista/SP, nas escolas, praças e espaços culturais públicos e privados, a tradição dos folguedos e do folclore nordestino e afro-brasileiro, como: maracatus, coco, ciranda, caboclinho, xote, xaxado, baião e arrasta pé. O trabalho com a cultura popular fortalece na comunidade onde o grupo atua o aprendizado de elementos históricos, amplia o conhecimento de crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos, resgata e preserva a identidade e o patrimônio imaterial dos migrantes nordestinos e dos descendentes afro-brasileiros, que representam significativa parcela da população na comunidade. O grupo realiza gratuitamente oficinas de música e dança desses tradicionais ritmos.
História do projeto
Nasceu em Santos o “Sem Pantim[1]”, grupo de música folclórica nordestina e afrobrasileira, se configurando a primeira grande criação da Associação e Centro Cultural de Tradição Nordestina da Baixada Santista - ACCTNBS. Tem como seu idealizador o recifense Mestre Pires, filho do professor, jornalista, poeta e literato, Francisco José Fernandes Pires, e da praieira filha de jangadeiro, Dona Maria Carmela.
O início da experiência de Mestre Pires se dá na infância, em meados dos anos 60 até início dos anos 70, quando vivenciou, brincando e dançando, o courso (desfiles de carros) dos antigos carnavais do Centro do Recife e os desfiles dos blocos de caboclinhos (cabocolinhos), das troças[2] de frevo, dos maracatus (nação-rural-indiano), bumba-meu-boi, cavalo marinho e escola de samba. Quando passava férias com seu avô, o Sr. Abílio – o jangadeiro, folião e brincante (falecido em fevereiro de 2009 com 104 anos), que muitas vezes, em sua casa concentravam-se as folias da comunidade dos jangadeiros da praia de Piedade – participou de rodas de coco, cirandas, pastoril e forró. Em um desses momentos, Mestre Pires, com apenas 10 anos de idade, substituiu o porte-estandarte da troça de frevo local. O pequeno Pires também organizava e conduzia o bloco mirim da la ursa[3] (bloco carnavalesco recifense), onde com os irmãos e outras crianças atuavam na confecção de máscaras, vestimentas e instrumentos, que devido às precárias condições econômicas, as latas em sua maioria substituíam os tambores e se fundiam ao som dos triângulos, das caixas de guerra e dos taróis. Ainda no Recife, foi escoteiro do mar do grupo Almirante D’Orange, fazendo parte de sua conceituada banda, onde obteve boa parte de sua formação musical, executando as cadências navais nas cornetas, caixas, taróis e surdos. Nos momentos de descontração, o mestre dos escoteiros (que pertencia ao maracatu da comunidade do Morro da Conceição, no Recife) conduzia brincadeiras com rodas de coco e repentes, onde Pires desenvolveu habilidades com o canto e os ritmos típicos dos folguedos nordestinos.
Nos últimos anos, vem se dedicando ao estudo mais aprofundado de metodologias de ensino dos ritmos da sua cultura natal: maracatu nação, coco, ciranda, cavalo marinho, maracatu rural, xote, xaxado, baião e arrasta pé ( marcha, frevo , chinela ). Para tal aproximou-se de percursionistas, ritmistas, mestres e profissionais, fazendo intercâmbio de conhecimentos e experiências. Atualmente, além de buscar ampliar conhecimentos sobre a história, a cultura dos folguedos pernambucanos, possui conhecimentos sobre técnicas de confecção e afinação de instrumentos como tambores de alfaias, agbês, xequerês, pandeiros e outros, e se aprofundou no estudo de trompete e da sanfona (acordeon), instrumentos marcantes na execução da maioria desses folguedos.
Essa sua experiência vivida na infância vem à tona com a abertura de seu baú, após 35 anos de vida em Santos, que no encontro com a disposição de algumas pessoas o grupo “Sem Pantim” vem tomando corpo e forma, se desenvolvendo e aperfeiçoando o seu trabalho, buscando realizar a mais pura, simples e original reprodução dessa cultura.
O grupo tem como seus mais importantes precursores, a filha do idealizador, a jovem fisioterapeuta, coordenadora e dançarina do grupo Juliana Ganem Fernandes Pires e o jovem estudante e percursionista do grupo Pedro Henrique Ursini Fernandes Pires.
Além de contar com os filhos e amigos das comunidades por onde circula, algumas pessoas ofereceram contribuições marcantes na história do Grupo Sem Pantim:
1) Profº Gilson de Melo Barros, que possibilitou a criação do primeiro espaço na UNISANTA (Universidade Santa Cecília), oferecendo condições para a criação do grupo;
2) Profª Urivani de Carvalho, que através da Casa de Cultura da Mulher Negra de Santos, que além de ter oferecido oficinas sobre a cultura afrobrasileira, sobre expressão corporal, e sobre figurino, vem inserindo o Grupo nas agendas de semanas culturais de escolas de ensino fundamental e em atividades ligadas a Semana da Consciência Negra na região;
3) Padre João Chungath, que, em 2008, abriu as portas do salão da Capela São José para os primeiros ensaios na comunidade Vila Ema na Área Continental de São Vicente, onde foram aglutinadas as crianças da favela mais próxima e do entorno que hoje compõe o grupo.
Os componentes do grupo foram se aproximando de variadas formas: por amizade, por vínculo familiar com o idealizador, por encantamento com o som dos ensaios e/ou por curiosidade ao ver o tambor de alfaia e o xequerê carregados nos braços na saída da universidade e dos outros locais de ensaio
[1] Pantim é uma palavra utilizada no vocabulário nordestino, que significa artimanha, trejeito, disfarce com o objetivo de esconder algo a outrem (“Deixe de pantim e venha simbora!”).
[2] Troça de frevo são agremiações de frevo rasgado, que é o frevo de rua, arrastão.
[3] Uma das brincadeiras mais estimadas no Carnaval do Recife (...) “o urso do carnaval cuja as origens encontra-se nos ciganos da Europa, que percorriam a cidade com seus animais, presos numa corrente, que dançavam de porta em porta em troca de algumas moedas, ao som da ordem: ‘dança la ursa!’.”